Tecnologia do esquecimento
O influxo de mensagens competindo entre si, que recebemos sempre que estamos on line, não apenas sobrecarrega a nossa memória de trabalho; torna muito mais difícil para os lobos frontais concentrarem nossa atenção em apenas uma coisa. O processo de consolidação de memória sequer pode ser iniciado. E, mais uma vez graças à plasticidade de nossas vias neurais, quanto mais usamos a web, mais treinamos nosso cérebro para ser distraído – para processar a informação muito rapidamente e muito eficientemente, mas sem atenção continuada. Nosso cérebro se tornou propenso a esquecer e inepto para lembrar. Nossa dependência crescente dos bancos de informação da web pode de fato ser um circuito autoperpetuante, autoamplificador. À medida que o nosso uso da web torna mais difícil para nós guardar informação em nossa memória biológica, somos forçados a depender cada vez mais da vasta e facilmente buscável memória artificial da net, mesmo se isso nos torna pensadores mais superficiais.
"A web é uma tecnologia do esquecimento", de Nicholas Carr.
Percebi o quanto isso é realmente apavorante quando hoje, com apenas uma janela do Google Chrome aberta, consegui abrir umas 20 abas. Um link puxa o outro, que puxa outro e por aí vai... Acabo parando um vídeo no meio porque outro me chamou mais atenção, dou play em alguma música e depois não sei da onde ela vem (clássico!), quando gosto da música aproveito para responder algum email com aquela trilha deliciosa, e quando ela acaba: qual o nome da música mesmo? Descubro a música. Abro outra aba para baixar a música. Ih! O email! rs. Loucura!